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terça-feira, 12 de julho de 2011

Deby [cap.8] - FINAL, MÃIN!

 Na última parada do ônibus, faltando 3 horas e meia de viagem, Deby acordou Lala. As duas estavam disfarçadas, e trocaram as cores dos cabelos e usavam chapéu e óculos escuros.
 - Acorda, desgrama! Daqui a três horas a gente chega na tal cidade.
- Tá...Vamo descer e comprar um suco e um salgado? Tou morrendo de fome.


Na lanchonete da rodoviária da cidade de Jacinto Gomes, as moças pediram um pão de queijo e uma coca. A TV do lugar, suspensa por uma armação de ferro sobre a geladeira, mostrava o Vale a Pena Ver de Novo. No meio da novela, o plantão da Globo toca e todos os presentes na rodoviária(poucas pessoas, umas 30) param tudo e se dirigem para a frente da TV. E então, Fátima Bernardes começa a falar:
"Na cidade de Areias, Minas Gerais, a esposa do dono da rede de lojas de cosméticos Ice Cream Beauty, Vanusa Maria Helena Domingos Goulart, de 38 anos. O marido, o empresário e ator Popô Goulart, de 20 anos, não quis dar entrevista. Vanusa morreu a golpes de faca e seu corpo foi encontrado em uma das lojas da Rede Ice Cream Beauty, situada em Areias. A principal suspeita de ter cometido o crime, Gerusa Carla Melo, de 19 anos, está foragida. Mais informações você vê a qualquer momento na nossa programação e no Jornal Nacional."
Todas as pessoas da rodoviária começam a comentar o caso, chocadas. Mas ninguém está mais chocada do que Deby. Além de correr o risco de ser procurada pela polícia, ela acabara de descobrir que a sua maior paixão da adolescência era casado com D. Vanusa. Passado o susto e a azia, as duas voltam para o ônibus. Depois de 3 horas, elas finalmente chegam em Santo Antônio do Quixeramobim. 

Apesar do nome parecer ser de uma cidade pequena, a cidade é grande e cheia de prédios. Cheia de pessoas com sotaque nordestino, todas com pressa e andando muito. Cheia de gente...não seria bom fazer algo suspeito num lugar tão populoso e povoado como essa cidade.


Depois de umas duas semanas, conseguiram uma quitinete na periferia da cidade, bem afastada do centro. Com o dinheiro de alguns golpes e o que tinham juntado desde Areias e Beladona,  em pouco tempo venderam a quitinete e compraram uma cobertura de frente para o mar. Tudo ia muito bem, até o aniversário de Deby.


Naquele dia, Deby completaria 19 anos. Ela se lembrou do aniversário de 18 anos, que passou em Areias, apenas junto de Lala, Gerusa e alguns amigos do bar, como Dona Cleide e seus filhos. Mas aos 19 anos, tudo o que Débora queria era paz. Não queria mais matar ninguém, não queria mais assaltar bancos, nem sequestrar pessoas que testemunharam ou acusaram-na de crimes. 


Lala tinha organizado uma festa surpresa para ela. Em 1999, o máximo que tinha era um computador caixotão, daqueles com Win98. Pois é, Lala comprou um PC para Deby, que por sua vez abraçou a amiga agradecendo pelo presente. As duas agora viviam vidas de luxo. Aconteceu uma festa enorme, de chamar todo o prédio, amigos, gente importante. 


Foi uma linda festa. Porém, no dia seguinte, a polícia bateu à porta da cobertura. Da jacuzzi, Deby pediu à empregada que fosse atender à porta.


Os policiais entraram e disseram que haviam duas criminosas lá dentro, acusadas de assalto à mão armada, latrocínio, estelionato, furto, agressão corporal, assassinato e formação de quadrilha. As duas moças foram presas imediatamente. 


Foram julgadas. A sentença de Deby foi de 4 anos de prisão, enquanto a de Lala foi de 20 anos, por conta dos muitos assassinatos de cometera e pelas inúmeras quadrilhas que havia formado ao longo de cinco anos.


Seis anos se passam desde então. Débora agora está livre, e tem 25 anos. Há dois anos, voltou para Pirilópolis do Sul, para ficar perto da família. Ela trabalha de cabelereira em um salão de beleza chique da cidade. A cada 6 meses, ela viaja para o Maranhão, para visitar Lala na cadeia. 


Débora Marta Brasil de Almeida atualmente(2011) tem 31 anos, duas filhas gêmeas, e é casada com Jeferson, dono de uma papelaria. Deby sempre se arrependeu de ter cometido todos aqueles crimes, mas prometeu a si mesma que seria honesta desde o dia que pôs o pé para fora da penitenciária.


FIM


***Obrigada a todos que acompanharam a história da Deby! Em agosto, estréia mais uma blognovela:

A PRAÇA DA ESTAÇÃO

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