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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

São teus olhos




Ele devia ter uns quinze ou dezesseis anos quando o conheci. Possuía um olhar tímido e um pouco assustado, mas eu sabia que ele não era assim. Tinha um talento nato para usar a ironia e o sarcasmo, mas sabia ser doce.
Portava algum problema de vista cujo desconheço, mas creio que era miopia. Seus olhos eram lindos, castanhos e brilhantes; se uma pessoa os mirasse, em poucos segundos a mesma se perdia naquele olhar profundo.
Não gostava de usar óculos e cogitava usar lentes de contato. Ouvíamos algumas músicas em comum, o que de certo modo estreitava nossa amizade.

Eu reparava em tudo, até nos cílios. Que cílios eram aqueles, meu Deus?! Era um privilégio vê-los. Outro privilégio era abraçá-lo: por ser bem magro, meus braços davam uma volta completa em sua cintura. Não existia coisa melhor!
Ao avistá-lo, eu sempre largava tudo o que estava fazendo para correr em sua direção e contar todas as novidades que eu tinha - e que ele provavelmente já sabia - só para puxar assunto.
Sempre que eu chorava, ele dizia para eu parar, porque não aguentava me ver com o rosto vermelho e cheio de lágrimas. Quando eu sorria, ele sorria junto.
Não tinha notas muito boas, assim como eu. Era preguiçoso ao máximo, mas se estudasse, passava de ano.

Às vezes, costuma aparecer. Quando isso acontece, a recepção é - e sempre será - a mesma. E sempre espero sua volta.
Um bom mês para ele é o que desejo. E claro, também desejo olhar para aqueles olhos esperançosos e dizer o quanto me hipnotizam.

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