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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ponto final: 2013


Olá!
Após um longo inverno tempo sem postar, cá estou. Por algum motivo oculto no fundo da minha memória, eu achava que postar aqui dava azar, mas era apenas uma coincidência infeliz. Isso é mais uma das superstições ilógicas que eu criei para justificar tudo de errado que acontece na minha vida.

Eu reclamei muito nos últimos 6 anos. Em 3 anos, reclamei nesse blog como se não houvesse amanhã. Gastei as teclas do computador falando coisas boas, ruins, reais e surreais. Não digo que não me arrependi, porque sou humana e me arrependo. Isso é natural.
Assumo que olho postagens antigas e sinto vergonha alheia e arrependimento, mas também sinto alegria. Errei muito, acertei muito e aprendi muito. Ainda bem.

Eu citei no parágrafo anterior que eu reclamei muito, certo? Pois é, ainda reclamo de vez em quando - inclusive, isso é uma reclamação sobre as minhas reclamações. É o cúmulo da reclamação.
O nome do blog deveria ser "Muro das Lamentações" ou "Burn Book" pra escrever que "2012 IS A FUGLY SLUT" de tanta reclamação que tem por aqui.

Mas esse ano eu não vou reclamar. 2013 foi um ano excelente, apesar de algumas falhas no meu desempenho escolar. Passei de ano depois de algum esforço, tudo bem. Aprendi coisas novas e passei um pouco de vergonha, mas quem não passa? Normal.
Conheci pessoas maravilhosas e espetaculares. Cresci (no sentido de crescer emocionalmente, nem sonhem em fazer bullying com a minha altura hahahah). Entendi que não preciso bater ponto em chopadas ou ter um corpo de modelo pra ser feliz e aproveitar a vida. Existem pessoas que gostam de viver a vida desse modo, e eu acho que se esse modo de viver as fazem felizes elas têm mais é que perseguir a felicidade.

O meu modo de perseguir a felicidade é não a perseguindo. Oi? É isso mesmo. No começo do ano, eu escrevi por aqui que minha última promessa seria a de não fazer mais nenhuma promessa. Olha, essa promessa eu tenho cumprido com êxito e vos relato que foi a melhor decisão desde o fim do Brasileirão de 2009. E essa última promessa me trouxe as felicidades que eu tanto pedi a Deus - e com juros.

E qual o motivo de tanta alegria, serpentina, glitter e fogos de artifício? Simples, é que eu aproveitei esse ano. E não tenho medo de dizer que ele foi lindo, não tenho do que reclamar.
Só isso. Sem mais delongas, desejo um ano novo bem bom pra quem quiser!

Beijos e muitos fogos,
Bebel M.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Uma madrugada e meia




Uma madrugada e meia. Tempo insuficiente para me corroer por dentro com o objetivo de me punir pelos meus erros. É o tempo de perder o sono por motivos sérios - ou não tão sérios assim - e ser prejudicada por essa perda.
Insultos e sons de choro ecoam na minha mente junto às lembranças que já não sei se prestam. Tudo gira, como se todos os pensamentos simulassem o movimento de um carrossel, cada vez mais rápido e menos compreensível. De repente, tudo se desliga.

Aparentemente, já é dia. Levanto da cama e cambaleio até o espelho, onde enxergo uma menina descabelada e assustada, meio sonolenta. O sono se acumula em suas olheiras, que a acompanham desde seus oito ou nove anos.
A menina do espelho está assustada porque perdeu a noção do tempo. Ela tem mil defeitos e aponta cada um deles, lamentando por todos. Ela quer sumir. Há alguns anos parecia ser mais doce e viva, apesar da anemia aparente e da solidão, que eram as duas constantes de sua vida.
Hoje sua expressão é de culpa, dor e preocupação.

Me deito novamente e os pensamentos voltam a rodar na minha cabeça. Nada mais se encaixa, nada mais faz sentido. Não vejo motivos para levantar e encarar o mundo que existe fora das paredes do meu quarto.
Tudo é motivo para sofrer e sentir que estou sumindo aos poucos, cada vez mais amargurada, fora de mim.
O tempo voa.

Duas madrugadas. Já não sei se sou capaz de consertar todos os enganos e continuo me ferindo, me culpando e me forçando a acreditar que isso tudo é fruto daquilo que chamam de karma.
E tudo se renovará quando o "efeito karma" acabar.




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

São teus olhos




Ele devia ter uns quinze ou dezesseis anos quando o conheci. Possuía um olhar tímido e um pouco assustado, mas eu sabia que ele não era assim. Tinha um talento nato para usar a ironia e o sarcasmo, mas sabia ser doce.
Portava algum problema de vista cujo desconheço, mas creio que era miopia. Seus olhos eram lindos, castanhos e brilhantes; se uma pessoa os mirasse, em poucos segundos a mesma se perdia naquele olhar profundo.
Não gostava de usar óculos e cogitava usar lentes de contato. Ouvíamos algumas músicas em comum, o que de certo modo estreitava nossa amizade.

Eu reparava em tudo, até nos cílios. Que cílios eram aqueles, meu Deus?! Era um privilégio vê-los. Outro privilégio era abraçá-lo: por ser bem magro, meus braços davam uma volta completa em sua cintura. Não existia coisa melhor!
Ao avistá-lo, eu sempre largava tudo o que estava fazendo para correr em sua direção e contar todas as novidades que eu tinha - e que ele provavelmente já sabia - só para puxar assunto.
Sempre que eu chorava, ele dizia para eu parar, porque não aguentava me ver com o rosto vermelho e cheio de lágrimas. Quando eu sorria, ele sorria junto.
Não tinha notas muito boas, assim como eu. Era preguiçoso ao máximo, mas se estudasse, passava de ano.

Às vezes, costuma aparecer. Quando isso acontece, a recepção é - e sempre será - a mesma. E sempre espero sua volta.
Um bom mês para ele é o que desejo. E claro, também desejo olhar para aqueles olhos esperançosos e dizer o quanto me hipnotizam.

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