Páginas

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Deby [cap.2]

-Tive uma ideia - disse Lala, calada até então - a gente pega as mochilas e foge AGORA.
- TÁ DOIDA? E se a diretora ligar pra nossa casa? - indagou Helen.
- Calma, confie em mim.

Eulália era assim: falava menos que as outras, mas quando falava, sempre tinha uma boa ideia e era muito otimista.

Já Helen era mais insegura, e não gostava muito de arriscar-se. Mesmo assim acabava acatando a decisão coletiva.

- Ok, por mim tudo bem...mas e o dinheiro? A gente precisa de dinheiro se quiser ir ao fliperama ou na padaria - observou Deby, séria - eu tenho um real...
- Eu tenho 2 reais - disse Eloá, cabisbaixa.
- Eu tenho 80 centavos e um chiclete - disse Julia.

- E eu não tenho nada, só uma caixinha de balas - choramingou Helen - o que a gente vai fazer com R$3,80?


Lala pensou um pouco, mastigou a língua e disse:
 - Calma, eu tenho um plano. Cês tão vendo aquela patricinha ali? A de vans branco?
- Tamo - disseram todas.
- Beleza. Deby, Helen e Eloá, vocês vão distrair a garota. Eu e Julia vamos fuçar na bolsa dela. Façam com que ela deixe a bolsa na sala vazia, e aí vocês vem pro corredor e batem papo com ela, ok?
- Ok - todas acataram a decisão.


Deby, Eloá e Helen foram em direção à menina. Chegaram com cara de quem queria puxar conversa.
Quem começou foi Eloá.
- Laura, cê ficou sabendo da prova de Matemática surpresa que vai ter amanhã?
- Mentira! É sério que vai ter? - Laura era uma garota rica, e também era apaixonada por Apoleôncio. Era meio metida, meio chatinha e fresca. Tipo uma "nojentinha mimada", como as meninas costumavam chamá-la pelas costas. - Ai, alguém me passa cola?
- Ok, mas vamo preparar a cola na biblioteca. Eu se fosse tu deixava a bolsa na sala, porque não pode usar na biblioteca - sugeriu Deby, meio maliciosa. Deby piscou para Helen.
- Ai, vamos, então. Eu não posso me lascar nesta prova, senão minha mãe me tira o celular e o computador.


As três arregalaram os olhos. Helen perguntou, boquiaberta:
- VOCÊ TEM CELULAR E COMPUTADOR?
- Tenho. Papai e mamãe me deram de aniversário.
- Ah, claro. Papai e mamãe - Eloá disse, debochada. Na arte do sarcasmo e debooche, Eloá era mestra. - enfim, vambora?


Quando as quatro passaram pela porta da sala, Deby virou e piscou para Julia, que acenou com a cabeça.


Julia e Lala entraram discretamente na sala. Fuçaram a bolsa de Laura com uma certa cautela, para que a garota não desconfiasse de nada. Acharam a bolsinha de pelúcia rosa com glitter importada da Gucci que continha o dinheiro. As meninas acharam R$50. Uma ótima quantia para gastar e sobrar no fliperama e na doceria.
Guardaram a bolsinha. A sonsa da Laura nem ia dar falta do dinheiro, já que dentro da bolsinha havia R$200 além dos 50 roubados. Quem traz 250 contos pra aula? Francamente...
As duas saíram da sala com as mochilas portando cadernos e livros, e na mochila de Lala tinha isso tudo e mais R$50.


Foram pro pátio. Julia apareceu na janelinha da Biblioteca fazendo "PSST!" para chamar Deby. A mesma confirmou com um gesto de joinha que tinha entendido o recado e cutucou Helen e Eloá. 
Deram um jeito de terminar a cola logo, para que pudessem sair a tempo, pois a aula começava às 7:30 e naquele momento eram quase 7:00. Eloá tratou de dispensar Laura:
- Então, Laura, são essas páginas aí. Copia nos papeizinhos, na mesa, no braço. Não é tão difícil quanto parece, tá? Bom, a gente vai andando.
- Ok, obrigada, gente! - respondeu Laura, animada. A coitada nem fazia ideia de que foi roubada.


Eloá, Helen e Deby saíram da biblioteca ao encontro das outras duas. As cinco se encontraram e saíram rindo. O próximo estágio seria atravessar o portão da escola sem o porteiro ver. Tiraram zerinho ou um pra ver quem iria distrair o guarda. Helen perdeu, e foi lá distrair o dito-cujo. 
- Oi, Meisymar! Tudo bem com tu?
- Tudo, tudo indo.
Momento de silêncio. O que Helen ia falar com o porteiro que ela quase nunca falava?
- Olha, Meisymar, eu acho que vai chover hoje.
- É, eu também acho. Acredita que... - O porteiro ia falando enquanto as outras meninas atravessavam a rua. Ao sinal, Helen fez que sim com a cabeça e dispensou o porteiro:
- Bom, eu vou ter que ir embora, porque tou passando mal.
- Já avisou sua mãe, menina? 
- Já, sim. Pode deixar. Tchau!
- Tchau.


A falta coletiva deu certo. Agora, era só aproveitar o tempo livre. Todas foram direto para uma doceria, pra gastar em muitos chicletes, balas e pirulitos.


***Acompanhem a história! Esperem o próximo capítulo de Deby.



Nenhum comentário:

Postar um comentário